quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Capítulo 26

INCIDENTE COTIDIANO

Na inocência aniquilada de um menino
Que, com uma faca sem cabo,
Num mar de pessoas indiferentes,
Tenta tomar minha carteira,
Descubro o verdadeiro sentido
Daquele que bate à minha porta
Pedindo comida e auxílio.
Do "não" que eu disse hoje cedo
Do "sim" que eu não quis dizer.

Nos olhos fundos
A realidade de noites mal dormidas;
Na inquietação,
O medo de ser pego novamente.

De repente uma sirene...
Prisão, morte, dor
Passam num flash por sua mente.
Esquece o relógio, a carteira,
Foge desesperadamente...

Acompanho com o olhar
Cacetetes, socos, gritos.
E lá vai mais uma vítima
Da realidade hostil;
Lá vai mais uma personagem
Desta poesia que criamos a cada dia.
1985

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